A noite já está caindo e não há nenhuma placa para indicar essa aldeia perdida de nome difícil. Será que existe ? O que é que eu vim fazer aqui ? Eu, o vadio convertido com grandes golpes do Espírito Santo e rebatizado em uma igreja protestante. Rafael, o triturador de católicos, no país dos rezadores de terços! Se meu pastor me visse… Mas eu queria saber.
Eu havia dito ao Senhor: “Ok, os católicos têm o Espírito Santo, apesar de ficarem ajoelhados diante de imagens de gesso, mas eu quero que o Senhor me explique esse papo de aparições de Maria”.
Passando por Ars, nos mandamos para Roma e Medjugorje, sem horário, sem programa. Somos todos protestantes, uns mais que os outros, exceto Pierre, um empresário em plena depressão, não-crente, com duas tentativas de suicídio. Trouxe-o com seus dois filhos, para que não tentasse apunhalar-se de novo durante nossa ausência. Vejo-o no retrovisor, discutindo alegremente com Alex, o professor de menonita (fundamentalista protestante).
MEDJUGORJE
Na curva da estrada, despontam as duas torres da igreja tão clara, plantada na periferia da aldeia que surge do nada.
Não há nada aqui, nem hotel, nem restaurante, nem uma loja sequer (início das aparições). Dois mil quilômetros para ver esta igreja no meio do mato !
Devemos ser discretos por causa dos comunistas. Bem lá em cima de um grande monte há uma imensa cruz monolítica, visível a quilômetros de distância. A gente se organiza, os camponeses partilham a água conosco, apesar da pouca reserva que resta no fundo do poço.
O vale inteiro é banhado por uma luz sedosa. O tempo está suspenso na cúpula celeste cor pastel, que se assenta sobre as montanhas em volta.
No dia seguinte, à tarde, vou ler a Bíblia na igreja. De repente, sinto um vento de agitação atrás de mim. Alguém grita algo em croata. Em meio a uma multidão de sinais da cruz, há um pequeno tumulto à porta. Um golpe dos comunistas ? Vou lá fora. Arregalo os olhos, deslumbrados por essas imensas luzes que se encapelam num raio de mais de um quilômetro em volta da cruz. O céu dança em volta da cruz, como se infindáveis sóis de uma cor desconhecida de azul-pastel se erguessem e desaparecessem no instante seguinte. E no entanto, não há uma nuvem sequer neste lugar e o sol não está nessa direção, para nos ofuscar a visão. Pronto, estou pirado ! Não devo me deixar influenciar. Em volta… tudo normal. Olho para cima e a dança das luzes continua ainda por um bom tempo. Volto para a barraca, perplexo.
No terceiro dia estávamos sob a sombra das árvores, o papo animado.
– Hei, venham ver, está rodando !
Aponta para a montanha. Olho na direção da cruz. Meu primeiro pensamento: é uma alucinação. A imensa cruz está girando no seu eixo. Não adianta esfregar os olhos, olhar para meus chinelos, pensar em outra coisa, a cruz continua girando cada vez mais depressa, torna-se transparente, chega a desaparecer.
No entanto, meus neurônios parecem estar funcionando direito. Chamo o professor Alex, discretamente, sem assusta-lo, sem dizer nada. Faço um gesto vago: você está vendo alguma coisa ?
Ele faz uma careta, seus óculos pulam para a ponta do nariz.
– Não acredito, a cruz está girando !
– Fique quieto, não fale nada !
Chamo os outros e logo estamos os sete contemplando o fenômeno, durante quinze minutos cronometrados.
A enxurrada continua. Pierre tem uma longa cicatriz por causa da facada que tentou enfiar na barriga, depois que sua mulher o deixou. Muitas vezes ficamos sem camisa no acampamento. Ele chega perto de mim e diz:
– Olhe! A cicatriz praticamente desapareceu.
MOMENTO DA APARIÇÃO
Não agüento mais todos esses sinais: “Não, Senhor, não posso rezar por Maria, recitar orações como fábulas repetidas. Permita que eu ainda assista às aparições que estão acontecendo na capela. Eu sei que isto é reservado, mas o Senhor pode fazê-lo”.
À noite, esperando na porta da capela, um franciscano vigia a porta. Rezo interiormente. Alguém me puxa pela manga, é um outro frade. Fala algo que não entendo e me empurra para dentro. Quando os videntes chegam (nessa época os videntes tinham a aparição juntos). Estou na primeira fila. Peço a Deus que me guarde do maligno. Os videntes começam a rezar a Ave-Maria. As pessoas estão mergulhadas em oração. Depois, um barulhão num sincronismo perfeito. Os videntes caem de joelhos, como se tivessem as pernas cortadas. Ponho minha mão no ombro da Vicka.
Li num livro que os videntes em êxtase se tornam totalmente insensíveis à dor e pesados como blocos de pedra. Belisco Vicka. Nenhuma reação. Sento nos seus calcanhares. Vicka está rezando ereta, de joelhos.
Com a força dos meus 80 kilos, dou um empurrão nela e encontro o sobrenatural. Estou empurrando um bloco de granito, quando tenho pela frente apenas uma adolescente. Sinto um calafrio. Algo está acontecendo aqui.
Sinto a paz deste lugar tão real, que se torna quase palpável. Peço a Deus que me guarde. Pela primeira vez na vida REZO PARA A VIRGEM MARIA E DIGO: Se você está aqui, se você está no plano de Deus, mostre-O para mim para que eu tenha certeza.
Levanto os olhos para o ponto que fascina os videntes. Uma luz aparece como um raio de sol e eu vejo esse raio descer timidamente em minha direção e penetrar em meu coração. Logo que o raio de luz toca meu peito, sinto todos os meus temores e questionamentos desvanecerem. Nunca tinha sentido uma plenitude tão profunda. Todo o meu ser dissolve-se num banho de suavidade e de amor. Nada mais existe. Somente esta envolvente ternura. E eu poderia ter morrido ali, de puro amor…
Quanto voltei à barraca, Alex olha para mim e diz:
– O que há com você ? Parece que seu rosto resplandece de luz.
Levei três meses para aterrisar. Tudo se tornou tão fácil, rezar, amar, morrer…
Eu estava reconciliando com a Igreja Católica, com Maria, comigo.
Pierre converteu-se. Tornou-se responsável por um grupo de jovens cristãos.
Relatos de Irmã Emmanuel
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