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https://www.avvenire.it/chiesa/pagine/intervista-a-hoser-su-medjugorje
Entrevista com o arcebispo polonês enviado por Roma para administrar a paróquia de Medjugorje conhecida em todo o mundo. “Cheia de muitas conversões e de tantas confissões.”
“Medjugorje é o sinal de uma Igreja Viva”. O arcebispo Henryk Hoser, polonês, uma vida passada como missionário na França, Holanda, Bélgica, Polônia, faz quinze meses, é o enviado de Papa Francisco na paróquia situada na região dos Bálcãs, conhecida em todo o mundo pelas “supostas” aparições marianas que começaram em 1981 e – segundo os seis “supostos” videntes envolvidos – as aparições ainda continuam. Assim que terminou uma calorosa catequese aos peregrinos italianos, no grande “salão amarelo” utilizado também para assistir as liturgias em videoconferência, porque a grande igreja [de São Tiago em Medjugorje] tornou-se insuficiente.
Repórter: Uma “catedral” inexplicavelmente surge em um vilarejo no campo desabitado, bem antes do início das aparições…
Arcebispo Henryk Hoser: Foi um sinal profético. Hoje chegam peregrinos do mundo inteiro, de 80 países. A cada ano hospedamos quase três milhões de pessoas.
Repórter: Como o senhor vê esta realidade ?
Arcebispo Henryk Hoser: Em três níveis: o primeiro é local, paroquial; o segundo é internacional, ligado a história desta terra, onde encontramos croatas, bósnios, católicos, muçulmanos, ortodoxos; depois o terceiro nível planetário, com a chegada de pessoas de todos os continentes, em particular os jovens.
Repórter: A respeito destes fenômenos, bastante discutidos, o senhor tem uma opinião ?
Arcebispo Henryk Hoser: Medjugorje não é mais um lugar “suspeito”. Fui enviado pelo Papa para valorizar a atividade pastoral nesta paróquia, que é muito rica de fermento, vive uma intensa religiosidade popular, constituída, de uma parte de ritos tradicionais, como o Rosário, a Adoração Eucarística, as peregrinações, a Via Sacra, e de outra por um enraizamento de importanes Sacramentos como, por exemplo, da Confissão.R
Repórter: O que o sensibiliza, a respeito de outras experiências ?
Arcebispo Henryk Hoser: Um ambiente favorável para o silêncio e para a meditação. A oração se faz presente não somente no caminho da Via Sacra, mas também no “triângulo” desenhado entre a Igreja de São Tiago, a Colina das Aparições (Cruz Azul) e a montanha do Krizevac, onde foi erguida em 1933 uma grande cruz branca, para celebrar, meio século antes do início das aparições, os 1900 anos da morte de Jesus. Estes são elementos construtivos para as peregrinações a Medjugorje. A maior parte dos fiéis não vem para as aparições. O silêncio da oração, depois, é adoçado por uma harmonia musical que faz parte desta cultura, sóbria, trabalhadora, mas também cheia de ternura. São utilizadas muitas letras de músicas de Taizé. Se cria, de forma complexa, uma atmosfera que estimula a meditação, o recolhimento, a análise da própria vida e, definitivamente para muitos, a conversão. Muitos escolhem subir as colinas a noite e também a montanha do Krizevac.
Repórter: Que relacionamento o senhor tem com os “videntes” ?
Arcebispo Henryk Hoser:Eu os encontrei. Em um primeiro momento encontrei-me com quatro, depois com os outros dois. Cada um deles tem a sua história, a sua família. É importante, todavia, que estejam envolvidos na vida da paróquia.
Repórter: De qual maneira o senhor pretende trabalhar ?
Arcebispo Henryk Hoser:Sobretudo na formação. Certo, não é simples falar de formação para pessoas que, com diversos tempos e modalidades, testemunham receber mensagens de Maria há quase 40 anos. Estamos todos conscientes de termos necessidade de todos, incluindo bispos, de formação permamente, ainda mais em um contexto comunitário. Uma dimensão para reforçar, com paciência.
Repórter: O senhor vê riscos neste aumento do culto mariano ?
Arcebispo Henryk Hoser: Certamente não. A piedade popular aqui é centrada na pessoa de Nossa Senhora, a Rainha da Paz, mas permanece um culto Cristocêntrico como também o cânone litúrgico é Cristocêntrico.
Repórter: as tensões com a diocese de Mostar foram atenuadas ?
Arcebispo Henryk Hoser: Existiram desentendimentos sobre o tema das aparições, nós nos focamos nos relacionamentos e sobretudo na colaboração no plano pastoral, desde então as relações se desenvolveram sem restrições.
Repórter: Qual futuro o senhor vê para Medjugorje ?
Arcebispo Henryk Hoser: Não é fácil responder. Depende de muitos elementos. Posso dizer o que já está e como se pode reforçar. Uma experiência da qual sairam 700 vocações religiosas e sacerdotais sem dúvida reforça a identidade cristã, uma identidade vertical, na qual o homem, através de Maria, de dirige a Cristo Ressuscitado. A cada um que se encontra, oferece uma imagem de uma Igreja ainda plenamente viva e particularmente jovem.
Repórter: Nestes meses o que o senhor pode dizer que mais o tocou ?
Arcebispo Henryk Hoser: A nossa é uma paróquia pobre, com poucos sacerdotes que é espiritualmente enriquecida graças a tantos sacerdotes que acompanham os peregrinos. Não somente. Me tocou um garoto australiano, alcoólatra, toxicodependente que foi convertido e escolheu tornar-se sacerdote. Me tocam as confissões. Existem pessoas que vem aqui somente para confessar-se. Me tocam os milhares de conversões.
Repórter: poderá chegar também um reconhecimento de Medjugorje como delegação papal ?
Arcebispo Henryk Hoser: Não o excluo. A experiência do enviado da Santa Sé foi acolhida positivamente, como um sinal de abertura diante de uma experiência religiosa importante, e tornou-se referência internacional.