DO LIVRO “FULL OF GRACE” – HISTÓRIAS DE CONVERSÕES
Maria pede a seu Filho que salve uma adepta da Nova Era das promessas vazias e de uma vida de pecados mortais e um milagre ocorre.
Uma noite, enquanto eu estava na cama, aos nove anos de idade, passou pela minha cabeça um pensamento horrível: “Vou morrer um dia”. Mesmo tentando pensar noutra coisa, não conseguia parar de pensar isto. “Se eu vou morrer um dia e ser nada, para que é que estou aqui?” pensei. “ Qual é o objetivo da vida?” Mamãe! Mamãe! Venha aqui!” gritei. Minha mãe entrou no meu quarto e eu perguntei à ela, “O que irá acontecer quando eu morrer?”
Ela ajoelhou-se perto de mim e disse “Não se preocupe com isso”.
“Não devo me preocupar?”
“Não. O que vai acontecer com você é o que acontece com todos, quando morremos, nos tornamos como a terra.”
“Como a terra? E eu vou saber que estou morta?”
“Provavelmente não, porque você não estará mais por aqui.”
“Não vou?”
“Bem, não totalmente. Você será como o solo no chão. Você vai ser cremada – isto é quando seu corpo é queimado e você se torna como pó que pode nutrir outras plantas, como as árvores – ou você vai ser enterrada em uma caixa debaixo da terra.”
“Oh”, eu disse, “Não me preocupar com isso?” achando a resposta dela mais preocupante ainda.
“Não, não se preocupe. Tente nem pensar nisto” Então ela se levantou e disse “Boa noite”.
E ela saiu do meu quarto e fechou a porta enquanto pensamentos assustadores passavam da minha mente para meu corpo e me deixavam tremendo. “Nada para se preocupar?”…Mas eu vou me tornar nada” ecoavam meus pensamentos. “Não haverá mais eu nem para me lembrar de quem eu era um dia!” Depois disto, frequentemente eu pensava na morte, normalmente à noite em minha cama, olhando fixa a escuridão do meu quarto, paralisada de medo.
Eu não gostava de cristãos.
Eu fui criada em um lar sem religião e eu não gostava de cristãos. Eu achava que eles estavam sendo enganados por um conto de fadas e no máximo eram aborrecidos. Minha visão depreciativa começou um Natal quando meus pais me levaram para ver um presépio no enorme quintal de um vizinho nosso em Berkeley, na Califórnia. Cobrindo a lateral de uma colina estavam os Reis Magos, camelos, vacas, anjos, ovelhas e pastores e uma mãe, um pai e um bebê, todos iluminados. Quando eu olhei, achei que era a mais linda vista que existia. Meu coraçãozinho de cinco anos de idade sentiu-se transportado para o céu, e eu pensei “Que maravilhoso que meus pais me trouxeram aqui!”. Normalmente incomodada pelo frio, meu corpo se sentia leve e expansivo dentro da jaqueta de couro e o vento frio era sentido com alegria. Eu não conseguia deixar de olhar a cena do presépio e eu não queria sair dali. Quando meus pais disseram que era hora de ir, eu perguntei se podia ficar mais tempo. Olhei as figuras iluminadas na colina e elas pareciam que estavam piscando para mim. Eu não sabia o que significava e perguntei a meu pai “O que é isto? Quem são essas pessoas?”
“Eles fazem parte de um conto de fadas sobre um bebê especial que nasceu em uma manjedoura e as pessoas foram visitá-lo por que pensavam que ele era o Filho de Deus” ele disse.
“Não é de verdade?” eu perguntei
“Não”.
“Você tem certeza?”
“Sim tenho querida. Agora, vamos para casa”. Relutantemente eu segurei na mão do meu pai e imediatamente comecei a pensar quando eu voltaria. Eu não consegui ver de novo a não ser anos mais tarde. E quando eu vi, o cenário não existia e também não existia minha admiração.
Então eu aprendi, muito jovem, que a história dos cristãos não era de verdade. Eu nunca iria ser uma cristã, isto eu tinha certeza. Na minha juventude eu me aperfeiçoei na fina arte de preocupar-me e sofria de baixa auto estima e uma leve depressão. Eu caminhava com os ombros curvados, a cabeça para a frente e olhos baixos e meu coração pulsava acelerado quando eu tinha que falar na escola ou com algum garoto.
Eu encontrei grande alegria na prática do balé e o praticava diligentemente durante anos, com tal compromisso e paixão que terminei dançando profissionalmente na Companhia de Balé de San Francisco. Quando eu tinha sete anos, decidi que iria ser uma dançarina profissional de balé e eu tornei uma. Eu iria dançar até fazer quarenta nos, programei. Balé era meu destino. Nada mais, mesmo remotamente, me satisfazia.
E não tendo sido criada com qualquer religião, eu nem sabia que Deus existia. Para mim, o balé rapidamente se tornou meu deus pessoal. Quando eu tinha dezenove aos, no auge de minha capacidade de bailarina e totalmente apaixonada por minha profissão eu sofri lesões nos pés e nas costas e operei meus pés três vezes. Isto encerrou minha carreira e tirou de mim o único deus que eu conhecia. Arrasada, fiquei mais deprimida, perdi minha identidade e perdi minhas esperanças.
TERMINEI PIOR DO QUE TINHA COMEÇADO
Em minha tristeza, busquei no movimento da Nova Era as respostas, e durante quatro anos passei por uma grande quantidade de práticas e de terapias. Nenhuma delas me trouxe qualquer alívio mais permanente e eu terminei pior que estava no começo. Minha busca de “iluminação” começou quando li um livro chamado Muitas Vidas, Muitos Mestres, escrito por Brian Weiss, que alegava que seu cliente hipnotizado tinha contado à ele suas vidas passadas. “Eu vou viver de novo!” disse feliz, enquanto meu medo latente de me tornar pó quando morresse desaparecia pela primeira vez. Tendo então aberto uma porta para a Nova Era, entrei nela e experimentei o renascimento, respiração holotrópica, I Ching, runas, leitura de aura, visualização, psicologia transpessoal, meditações do xamanismo, numerologia, astrologia, equilibro de chackras, cura pela energia por meio do toque, rituais de abertura de coração, ioga, hidroterapia do cólon, dietas sem trigo, regressão a vidas passadas, cura com cristais e leituras paranormais.
Eu cantava e cantava perante gurus indianos ou fotos deles. Eu estive em um grande teatro ouvindo uma guru indiana de Nova Iorque, que mais tarde eu descobri estava envolvida no encobrimento das torturas que fazia a seu irmão, no abuso sexual de seu predecessor e as práticas financeiras duvidosas de sua organização.
Sentei-me na posição de lótus no chão, na frente de uma guru indiana chamado Mata Amritanandamayi enquanto ela se balançava ritmicamente ao som de bhajans (musica devocional, ocasionalmente elevando seu braço esquerdo para o alto, com um riso estranho que era tudo menos contagioso. Eu reuni-me com outros em uma casa onde sentávamos e cantávamos, meditávamos na frente de um grande quadro de Sai Baba, um guru indiano que usava um enorme cabelo afro.
Eu li livros escritos por Shakti Gawain, Chris Griscom, Shirley McLaine, W. Brigh Joy, Ram Dass, Brian Weiss, Louise Hay, Deepak Chopra e muitos outros. Caminhei por salas bolorentas, com pouca iluminação, cheias de fumaça, para obter leitura de tarô. Fiquei acordada até tarde lendo livros da Nova Era para aprender sobre minhas vidas anteriores quando eu era uma princesa egípcia.
Rita Agia Como se Ela Tivesse Todas as Respostas
Por um ano inteiro eu segui os conselhos de uma paranormal chamada Rita, depois de receber uma sessão de harmonização dela durante a qual eu caí em um estado de transe, pacifico e prazeroso. Ela me disse que vira uma pomba, o que significava que eu tinha sido salva. Ela disse que um homem entraria em minha vida e pagaria por tudo e que as palavras “Matthew Fox” estavam escritas sobre a minha cabeça. Convencida de que algo sobrenaturalmente importante tinha acontecido comigo, eu segui seus conselhos e me matriculei por um semestre nas aulas do Centro Sofia de Nova Era Matthew Fox e mudei-me para os dormitórios lá e mais profundamente ainda para dívidas e confusões.
Eu continuava pensando que acharia os segredos de uma consciência mais elevada que estavam logo ali na esquina, mas tempos e tempos depois só chegava a becos sem saídas com mais e mais perguntas.
Rita agia como se ela soubesse todas as respostas e então eu liguei para ela no fim de um semestre e perguntei o que deveria fazer a seguir. Ela disse que eu deveria mudar-me da Costa Oeste para a Costa Leste e então eu obedeci, e mudei-me para a casa de um casal de tios distantes. Ainda confusa, telefonei para ele de novo. “Cheguei. O que eu faço agora?” Desta vez ela disse que eu deveria receber umas aulas no curso de verão de Harvard. Peguei um catálogo, liguei de volta para ela e disse “Curso de quê?” Pois nenhum deles me atraia.
Ela me pediu para ler tudo e com convicção parcial disse “Faça aulas de antropologia.”
Eu não gostava dessas aulas e não gravei nada delas, portanto, daí a dois meses, liguei para ela e marquei outra consulta para obter mais aconselhamento paranormal. Cheia de esperança dirigi uma hora até a cidade a seguir, estacionei o carro e deitei-me na grama na frente do consultório de Rita, esperando pelo horário de minha consulta. Sem alerta ou motivação, uma incomoda fadiga veio sobre mim, de um modo desconcertante. Uma pergunta inquietante me veio à mente “Existe algo seriamente errado comigo?”
Quando chegou a hora de minha consulta, levantei lentamente da grama e fui informada pela assistente de Rita para esperar na sala de aconselhamento. Entrei em uma sala fria, úmida e me joguei em uma cadeira de madeira, como uma boneca de pano faltando recheio. Vinte minutos se passaram. Finalmente Rita entrou e sentou-se na minha frente. A mulher que eu via parecia muito pouco com a mulher de quem eu me lembrava. Seus olhos passavam de um lado para outro, piscando rapidamente, como se focalizar em uma área visual por muito tempo causasse dor aguda em seus olhos; e no topo de seu corpo ligeiramente rechonchudo, parecendo inchado, sua cabeça agitava-se nervosamente e aparentemente de modo involuntário. Ela parecia incapaz de ficar sentada sem torcer-se, como se alguma coisa estivesse rodando dentro dela. O mais educadamente que eu pude eu disse, “Eu estava duvidando se você iria me atender. Eu estou aqui já há muito tempo.”
“Bem você deveria ter entrado e me procurado. Você tem que ter mais responsabilidade”ela disse. A injustiça dela me dizendo que esperasse, me deixando congelar e depois me censurando me perturbou.
Assim a sessão começou do modo errado e passou a ficar fora do controle. Eu pedi à ela uma outra leitura paranormal mas ela disse que o que eu precisava era aconselhamento. Insatisfeita com sua decisão, comecei a dizer à ela que não tinha certeza de que deveria ficar na Costa Leste, que eu estava ficando sem dinheiro, que eu não tinha aprendido nada que me interessasse na aula de antropologia e que eu ficava na maior parte do tempo doente e deprimida. Rita me respondeu dizendo que eu precisava fazer algo para aumentar minha autoestima – algo que me fizesse sentir melhor comigo mesma.
Ela mencionou que tinha acabado de estar com uma cliente que sempre quis ter um carro novo e bonito e Rita sugeriu à ela que comprasse o carro, no cartão de crédito e pensasse mais tarde sobre como pagar. Ela disse que esta sugestão transformou sua cliente e deu à ela uma nova motivação. “Você deveria fazer o mesmo”, ela disse.
“Eu não quero comprar um carro” respondi. “Eu não preciso de um carro, meus tios me emprestam o deles”.
Ouvindo isto Rita insistiu que eu comprasse um carro novo.
“Eu nunca dirigi um carro novo e não quero fazer isto” disse. “Além disto já estou cheia de dívidas e não preciso de mais uma dívida com cartão de crédito.”
Sacudindo-se com irritação e torcendo-se ela contradisse “Você não se ama o suficiente para fazer algo por si mesma.”
Silenciosamente pensei “Você é doida, não quero nunca mais falar com você.”
Saindo rapidamente do estacionamento fui-me embora, vendo o consultório de Rita diminuir no retrovisor. Tinha saído da sessão como se tivesse escapado de uma corrida maluca e quase não consegui manter minha cabeça de pé ou ver através de minhas lágrimas a estrada para casa. Eu estava seguindo os conselhos de uma alucinada.
Não Tenho Certeza do que Fazer com Minha Vida
Arrasada por ter desistido de Rita, mas continuando minha desesperada busca por respostas, eu comecei a frequentar um centro de cura hindu, da Nova Era, holístico, onde participei de um círculo semanal de silencioso anonimato com uma média de cinco estranhos. Um dia, o líder do grupo, um homem baixinho e louro, parecido com John Denver, sentou-se em seu travesseiro de meditação, levando mais tempo do que o normal para acalmar-se – duas vezes reestruturando sua posição de lótus com mãos trêmulas. Normalmente ele começava nosso grupo com cânticos, mas desta vez ele falou lutando para encontrar palavras que pareciam estranhamente frágeis “Eu tenho más notícias para vocês”. Ele pausou e respirou fundo. “Eu descobri que os gurus que eu tenho seguido, gurus que alegavam ser avatares, encarnações de divindades, envolveram-se em comportamentos que…” – ele parou, olhando um ponto no chão em sua frente _ “que não demonstram dignidade humana”. Eu me recordei que a entrada da sala de meditação tinha parecido vazia, mas eu não tinha notado porquê. Agora eu entendi que as fotos e pinturas dos gurus tinham desaparecido.
Tornando-se mais e mais firme, ele continuou “Devemos buscar somente a Fonte de toda a Unidade e não usar mediadores. Podemos sempre confiar na Fonte, nAquele que é a Consciência Universal, que é nós, que é Tudo.”
Eu pensei “Que profundo!”
Precisando explorar esta profundidade, eu sentei-me, ajoelhei-me, curvei-me e então ajoelhei-me, fiquei de pé e curvei-me e sentei-me etc em um centro de budismo sem qualquer graça. E corretamente me levantei quando chegou meu turno de visitar o “mestre” budista que sentava-se regiamente no chão em uma sala lateral com sua assistente séria. “Você pode ajoelhar-se perante o mestre e fazer uma pergunta”, disse a assistente.
Eu reagi a ter que ajoelhar perante um estranho, especialmente um com a aparência de grande importância, mas, deliberadamente, afastando minha primeira impressão eu disse “Eu vim aqui para a Costa Leste porque uma paranormal me disse para fazer isto, e agora que estou aqui não sei o que fazer comigo mesma ou com minha vida. Qual é o significado da vida então?”
O mestre, um americano algo, branco com a aparência de um zagueiro de futebol, disse em uma voz tonitruante, “Eu não posso responder a isto. O que você acha?”
“Eu não sei” respondi “O que você acha?”
Ele pausou, permitiu algum tempo para que um silêncio embaraçoso acontecesse e disse “Eu não sei. O que você acha?”
Eu Me Sentia COM A ALMA Doente
As falsas promessas de cura e iluminação da Nova Era não eram minhas únicas esperanças destrutivas. Desde bem jovem e especialmente depois que eu abandonei minha carreira de dançarina, eu procurava por consolação e felicidade em relacionamentos íntimos e afundava mais e mais na voragem do pecado. Eu tinha me sentido suja quando comecei a ser sexualmente ativa, mas à medida que prosseguia com meu comportamento, aquele sentimento ruim desapareceu.
Sexo nunca me atraiu muito; eu simplesmente queria ser amada e acalentada. Eu me sentia temporariamente cheia de vida quando estava vivendo um relacionamento, mas quando as coisas falhavam, como inevitavelmente aconteciam, eu ficava com um vazio maior, escuro e solitário, dentro de mim. Quando não tinha namorado, minha mente buscava consolação e fixava-se em quem poderia ser o próximo. Se eu não conseguisse pensar em alguém, encontrava uma fugaz satisfação em olhar uma lista de homens com quem tinha dormido, como se fosse um troféu. A vida sem namorado significava a solidão desesperada, então eu escarafunchava salas, ruas e clubes com uma fome solitária, na esperança de “o” encontrar.
O movimento da Nova Era tinha incentivado minha promiscuidade porque não tinha valores morais no que tange a sexo, e aumentou meu desespero não oferecendo nenhum meio de salvação. Naquele verão na Costa Leste eu continuei a caminhar na direção de arame farpado, participando cada vez mais de oficinas de Nova Era, buscando o Marido Perfeito, quando não o Nirvana ou a resposta para os mistérios da vida. Como sempre, saía de tudo sem nada nas mãos e sem ninguém a meu lado.
A despeito da dor resultante, eu continuava buscando fora de mim algo ou alguém para me fazer feliz e eu nunca senti paz interior. Minha vida estava centralizada à volta da minha necessidade desesperada de significado, cura e amor.
Eu Não Tinha Força Suficiente para Enganar a Mim Mesma
Posso recordar vividamente um dia quente de um verão quando acordei de um pavoroso pesadelo e com uma sensação de pânico à vista de um novo dia que insistia em surgir. Acordei e fiquei olhando fixamente um rosto assustador no espelho do banheiro. Quem era essa criatura olhando para mim? Ela tinha os mesmos cabelos castanhos lisos e os mesmos olhos castanhos, mas a pele dela, normalmente azeitonada, parecia vermelha e cheia de nódulos; as feições, normalmente juvenis, caídas, formando um franzido de depressão. Os olhos pareciam opacos, e ela parecia mais velha. Quando eu tentei levantar minhas sobrancelhas e músculos faciais para fingir felicidade, ela me olhou sem jeito e sem convicção. Eu queria nunca ter olhado para ela.
Eu me arrastei até uma livraria próxima para pesquisar algo espiritualmente iluminador – ou pelo menos alguma coisa que ajudasse. Uma necessidade urgente de ir ao banheiro interrompeu minha pesquisa e me fez correr. Tive de correr até um banheiro. Este tipo de emergência estava cada vez mais frequente. Eu me levantei para sair e olhei com horror o vaso cheio de sangue. Tonta e assustada, muito apavorada para chamar um médico, saí do banheiro com uma sensação de enjoo, mistura de medo e negação enrolando meu estomago.
Sentindo-me como uma estranha em meu próprio corpo, caminhei ao léu. Assustada com as pilhas de livros à minha volta, pedi “Ao Universo” que me guiasse até o livro da vida perfeito. Tirei livros das prateleiras e os coloquei de volta. Sentei-me confusa e paralisada na frente de um sistema de catálogo de computador, levantei-me e saí. Aproximei-me de uma bibliotecária e depois me afastei silenciosamente. Eu buscava conhecimento, mas não sabia de que tipo. Queria pegar um livro que tivesse todas as respostas às perguntas da vida. Mas como eu poderia achar isto em um sistema de catálogos de biblioteca, menos ainda pedir a uma bibliotecária que achasse para mim?
Derrotada e perdida, sentei-me em um canto enquanto uma onda familiar de cansaço pesado, anestesiante me colava na cadeira. Minha visão turvou-se e eu fiquei olhando, parada, as filas de livros sob as pálpebras que queriam fechar com o peso de uma porta de ferro. Enquanto eu caia no assento, assustada pela fadiga súbita e por meus sentimentos de pânico e desespero, tentei meditar. Eu tinha ouvido dizer que deveria esvaziar-me de todos os pensamentos para dissipar-me no eterno nada ou no eterno tudo. Eu não conseguir me lembrar de qual deles. Mas minha mente, ao invés disto ficou fixando-se na ânsia dolorosa de um futuro marido.
Muito cansada para qualquer coisa, cai de lado enquanto uma tristeza cavernosa começou a crescer dentro de mim. Temendo uma onde de desespero, tentei com todas as forças conter minhas emoções, mas não tive forças para me enganar. As lágrimas começaram a correr por minha face. Levantar minhas mãos e enxugá-las significava sacrificar as poucas gotas de energia que eu ainda possuía. Então com as mãos caídas, meus membros pesados como cimento, deixei as lágrimas caírem, sentindo-me perigosamente ferida e só. Fiquei sentada lá umas duas horas, enquanto as lembranças de meus anos de bailarina profissional cheia de energia e graça passavam por minha mente como uma maldição.
Eu tinha vinte e sete anos e minha saúde estava piorando rapidamente junto com meu sentido de objetivos e bem estar mental. Eu comecei a vomitar seu motivo, meu cabelo caia mais que o normal e eu sangrava internamente e não conseguia tomar a maioria dos alimentos. Eu sentia dores, meus pés e minhas costas pulsavam de dor e sem alerta, a energia continuava a sair de meu corpo amortecido como se a vida tivesse me deixado. E o pior de tudo, eu me sentia doente no fundo da minha alma. Algumas vezes eu gritava em desespero gutural; às vezes eu me enfurecia com a vida e às vezes eu chorava sem conseguir parar.
Você Pode Me Ajudar? Alguém Pode me Ajudar?
Em uma última tentativa de cura, participei de uma oficina de cura com as mãos de Reiki, e enquanto estava deitada em uma mesa e os participantes me massageavam, uma energia foi derramada sobre mim que me encheu de desespero. Eu comecei a chorar descontroladamente. Desculpando-me, sai da mesa antes que terminassem e me escondi em um canto para chorar. Minhas lágrimas eram do fundo da alma e não me davam alívio – somente uma tristeza estranha e assustadora.
Quando a oficina terminou e o pessoal começou a sair, eu comecei a entrar em pânico. Eu queria correr até alguém, alguém agradável, sacudir a pessoa e gritar “Você pode me ajudar? Alguém pode ajudar?” Do canto do meu olho, eu vi um homem saindo e quase corri até ele, no estacionamento, mas parei na minha loucura e pensei “Ele não pode ajudar você. Nenhum ser humano pode ajudar você” . Ainda soluçando, entrei no carro e saí cantando “Segure-me. Segure-me!” e pensando se havia alguém na terra ou fora daqui que poderia me ouvir.
O único amigo que eu tinha deixado aquele verão, a única pessoa que poderia ajudar com meu desespero e crises de choro era um homem chamado Joseph que vivia perto de minha casa na Costa Oeste. De vez em quando Joseph pacientemente me ouvia jogar minha tristeza pelo telefone. Eu sabia que Joseph tinha alguma coisa especial, algo que dava à ele um contentamento profundo. Enquanto a vida me jogava para lá e para cá como um navio em mar revolto, seu leme permanecia firme em águas calmas. Eu não o poderia ferir com minhas dores. Quando conversava com ele eu me sentia segura. Eu sabia que ele era diferente.
Na manhã depois da oficina de Reiki eu estava deitada, abalada pela fadiga. Eu recebi um telefonema que mudaria minha vida. Era Joseph. Ele me disse que havia seis semanas que estava sendo acordado no meio da noite tendo uma visão comigo chamando por ele dizendo “Ajude-me. Mostre-me quem você realmente é”. Ele, no começo ficou confuso com isto. Considerando a mensagem metaforicamente ele começou a ajudar várias mulheres de sua vizinhança – com o trabalho de casa e ajudando senhoras a atravessar a rua. Mas quando mais ele descartava o pedido da visão mais minha imagem clamava “Ajude-me! Mostre-me quem você realmente é”.
Eu conhecia Joseph há cinco anos, e ele nunca havia falado comigo sobre sua fé, mas neste dia, no telefone, com sua voz característica, suave, articulada, ele começou a falar comigo sobre o amor de Deus. Suas palavras atingiram os recessos mais íntimos de meu coração e eu comecei a sentir-me leve e expansiva, como se meu corpo estivesse preenchendo toda a sala. “ Christine”, ele disse “você está sendo salva”.
Logo entendemos que Deus queria que eu visse Joseph urgentemente. Com o resto de energia que eu tinha, juntei a coragem para fazer uma bateria de testes médicos, tantos que nem me lembro mais. Então, voei para a Costa Oeste para viver o que foi a semana mais milagrosa de minha vida.
Somente a Graça a Salvou
Eu estava ansiosa para estar na sala de Joseph. Eu me sentia muito mal e precisava de consolo e descanso. Eu não tinha mais força e a sala de Joseph sempre me alimentava. Joseph alugou uma sala em Kensington, na California, em uma casa tão grandiosa que parecia aloof. Mas sua sala parecia um oásis da paz – agradável, feminina e convidativa. Quadros de anjos e da Catedral de Notre Dame na França estavam sobre papeis de parede de senhoras da era vitoriana, seus pretendentes e barcos à distância. A beleza superava a necessidade. Cartões postais e cordões e pequenos objetis estavam colocados tão delicadamente à vista que sempre que eu encostava em alguma coisa, mais ou menos quinze outras caiam ao mesmo tempo. Duas janelas abriam-se para a Baía de São Francisco – mostrando árvores, céus, luzes da cidade, uma ponte da baía, luzes da manhã, por do sol, e um quintal de cerca esculpida pequena, lembrando os jardins particulares de antigos reis. Naquela semana eu olhei muitas vezes por estas janelas.
Na tarde em que eu cheguei, entrei em sua casa, coloquei minha bolsa em um cômodo ao lado do de Joseph (que ele tinha reservado para mim), e sentei-me na cama sem energia para mudar de roupa ou de levantar as cobertas e dormi.
Na manhã seguinte, Joseph acordou perguntando como poderia me ajudar. “Eu preciso rezar hoje” ele disse “e perguntar a Deus porque você está aqui. Seria bom se você também passasse o dia rezando”.
“Eu não sei rezar” eu contei à ele. “Eu nunca rezei antes”.
Joseph me olhou incrédulo, como se tivesse encontrado uma extraterrestre: “Você está me dizendo que nunca rezou?”
“Joseph! Eu não fui criada com religião nenhuma! Eu não tenho a menor ideia do que é”.
Joseph ficou introspectivo, olhou para o chão e começou a sacudir a cabeça. “Não consigo nem imaginar o que é a vida sem oração”, ele disse.
Eu dormi o resto do dia e quando eu acordei Joseph tinha deixado uma nota dizendo que ele tinha ido para a praia. Sem saber o que fazer comigo mesma, decidi dar uma volta no crepúsculo pela quadra. Assim que saí, senti uma felicidade e uma tranquilidade que pareciam do outro mundo. Meu tormento emocional e minhas dores de corpo normais, dores no pé, e fadiga tinham-me deixado. Enquanto eu andava ao longo das calçadas da vizinhança, meus pés pareciam estar um pouco acima do solo; minhas pernas levantavam e abaixavam como se não tivessem peso, como se eu estivesse andando sobre a lua; e meus olhos viam uma beleza sobrenatural na natureza que eu jamais vi antes e nem depois disto. As flores, os botões, e as árvores pareciam iluminadas a partir de dentro. Enquanto olhava à minha volta, pisquei várias vezes para testar se o que eu via era real. Era e eu comecei a chorar maravilhada.
Depois de uma hora, voltei à casa de Joseph. Enquanto esperava sua volta, o dom da paz diminuiu e eu fiquei novamente restrita ao meu corpo cheio de dor, sem que fosse mesmo. Enquanto meus sintomas físicos voltavam, meu espírito permanecia alegre. Quando Joseph finalmente chegou, contei à ele sobre minha caminhada celestial. Sua reação pensativa me intrigou. Normalmente ele se deliciava abertamente com a alegria dos outros, mas enquanto eu falava ele me ouviu silenciosamente e demorou a responder. “Como foi sua caminhada na praia?” perguntei.
Joseph sentou-se e uma cadeira ao meu lado, olhou para o alto à frente e não disse nada.
Achando que ele não tinha me ouvido, eu perguntei de novo “Como foi sua caminhada na praia?”
Eu observei que seu lábio superior estava tremendo. Suspirando profundamente ele começou a falar.
Ele me disse que estava sentado na areia e sentiu de súbito que estava sendo atacado espiritualmente. Um peso maligno começou a pressioná-lo do alto e ele sentiu como se seus ossos estivessem literalmente esmagados. Temendo não conseguir sobreviver ao peso, clamou a Deus e Maria por ajuda, e finalmente o assalto enfraqueceu e finalmente parou. Então ele viu a silhueta de uma figura demoníaca escura, olhando para ele e urrando horrivelmente com a raiva de uma derrota furiosa enquanto sumia de vista.
Assustado, ele olhou à areia à volta dele e não acreditou no que via. Estava tudo coberto com seu sangue. E o mesmo ele observou em áreas de sua pele. Ele tinha suado sangue na luta contra Satanás. O que ele experimentou no reino espiritual o afetara fisicamente. Joseph olhou atrás de si e viu um casal passeando que quando o viu começou a andar mais rápido. Ele pensou “É melhor eu me lavar no mar, Deus sabe com que aparência estou”.
“Eu não sabia até agora” Joseph me disse seriamente “que o mal não vive só dentro dos seres humanos, mas é um ser real – consciente, totalmente vivo e mortífero”.
Sem saber o que dizer, balbuciei – “É incrível que enquanto eu estava vivendo um momento de liberdade de todos os meus tormentos pela primeira vez, você estava sendo atormentado como nunca antes”.
“Não é coincidência Christine”.
“O que você quer dizer?”
“Que todos os demônios que estavam em você vieram atrás de mim”.
“Oh, o quê? Porque?”
“ Eles sabiam que eu vou conduzir você a Deus e ficaram furiosos.”
“ Quantos haviam em mim?”
“Você era uma caravana deles”.
Eu me encolhi ao pensar no que tinha vivido dentro de mim. Eu comecei a sentir enjoo, horrorizada pelo fato do que eu fazia parte do que tinha acontecido com Joseph.
“Christine”ele disse, “Com o quê você tem estado envolvida que causou tudo isto?”
Eu honestamente não sabia. A pedido de Joseph, eu comecei a contar à ele coisas da minha vida que eu mantinha em segredo: minha depressão depois de ter parado de dançar balé; meus relacionamentos íntimos com uma fila de namorados, meus casos rápidos, dois dos quais eram homens casados com quem eu tinha trabalhando em um restaurante, meus retiros e as práticas de Nova Era. Joseph ficou pálido e ficava cada vez mais consternado à medida que eu continuava. Ele me disse que sexo antes do casamento é errado, que Deus nunca quis que eu fosse jogada de lá para cá em desilusões e mais desilusões, que o comportamento sexual me colocava em risco de contaminar-me com vírus mortais e que quanto eu estou para me unir a um homem e tornar-me uma com ele, Deus queria que este homem se unisse a mim em um voto de casamento e amor por toda a vida. Daí então, o sexo seria saudável para minha alma.
“A Igreja não inventou isto” ele disse. “Você perdeu a proteção de Deus ao perder sua virgindade e abrir-se ao reino demoníaco. Com cada pessoa com quem você dormiu, mais demônios entraram em sua alma. E você também feriu as almas das pessoas com quem estava.”
Eu me defendi, dizendo que ninguém tinha me dito que sexo antes do casamento era errado. Como é que eu saberia? Então eu me lembrei que em um nível profundo, dentro de mim, eu sabia que algo estava errado, mas eu ignorei esta sensação. Entretanto eu não consegui defender minha participação em adultérios. Eu tinha, na época, trabalhado minha consciência dizendo a mim mesma, “Ele não deve ter um bom casamento, é claro. Se já é ruim, não estou fazendo nada errado”. Mas eu nunca esqueci a tarde em que atendi a esposa de meu amante no restaurante. Ela olhou-me para agradecer com olhos doces e inocentes que perfuraram minha consciência como uma lança de fogo. Meu corpo todo corou de vergonha.
Lutando para poder dizer algo redentor sobre minha vida, eu disse à Joseph, “Bom, pelo menos eu estava crescendo em espiritualidade frequentando oficinas de Nova Era e trabalhando para ter uma consciência mais elevada”.
“Christine, nada disto ajudou você. O movimento da Nova Era não honra o verdadeiro Deus. Muitas práticas da Nova Era violam o primeiro mandamento, que diz “Amarás a Deus sobre todas as coisas”. Vez por outra Deus tentava alcançar você para ajudar a mudar sua trajetória, mas você caminhou à borda de um precipício e estava quase caindo. Somente a graça a salvou.”
Fiquei em um silêncio atônito e coloquei a cabeça entre as mãos quase sem conseguir respirar, arrasada pela notícia de que minha busca por amor e significado era não somente uma perda de vida mas a destruição da mesma.
Aquela noite, ajoelhei e chorei. Exausta pela verdade e pela enfermidade, minha cabeça foi ao chão e, um por um, lembrei-me de todos os homens com quem tinha estado. Disse a Deus que estava arrependida. Elevei a Deus toda a minha história de confusão espiritual e disse “Eu lamento ter ofendido e lamento ter magoado tanto a Você, por favor perdoe-me”.
Você é Abençoada TANTO Quanto Ama
Eu dormi naquela noite como em uma tumba. Minha saúde tinha declinado a um nível perigoso. Eu queria ajuda. Eu queria Deus. Mas eu não queria nada com Jesus ou Maria. Durante anos e anos eu não quis saber nada deles.
Uma vez eu tinha visto uma gravura da Madona com a Criança que tinha me deixado tão furiosa que eu queria tirar da parede. Uma outra vez eu tinha lido um livro de auto ajuda do qual eu gostara exceto suas rápidas menções a Jesus. Eu aprendi que Jesus e Maria eram figuras fantasiosas para os desesperançados e mal orientados. Para mim, os seus nomes e imagens causavam ira. Eu sempre os detestei imensamente.
Mas Jesus tinha decidido me salvar, eu, a pecadora. Eu nunca irei entender porque ele escolheu a mim, e eu não tenho palavras para expressar minha gratidão. Eu não estaria viva se não fosse pela divina graça, sem qualquer mérito meu e sem ter pedido.
Três dias depois de minha chegada na Costa Oeste, deitada na sala de Joseph com meus olhos fechados e quase dormindo, senti a presença de Deus dentro de mim e à minha volta. Com os olhos de minha mente, vi uma massa cinza, pulsando. Alguns segundos mais tarde, ouvi um som como “pop” alto, dentro de mim, e a massa desapareceu. Então eu abri meus olhos e vi Joseph sentado a meu lado. “Você ouviu isto?”perguntei à ele.
“Não. O que você ouviu?”
Eu expliquei o que tinha acontecido. Ele parou pensativamente e disse “Foi bom que você veio para cá quando veio.”
“Porquê?”
“Christine, Jesus acabou de curar você de um câncer”.
“O quê?”eu exclamei suspendendo a respiração. “O que é que você está dizendo?”
“Você está com câncer e tinha mais seis semanas de vida”.
“Quê? Como você sabe disto?”
“Eu estava em oração agora e Maria veio a mim. Ela falou comigo. Ao mesmo tempo em que você estava sentindo a presença de Deus com você, Maria estava me dizendo que ela viu você perdendo a vida, como um peixe que não achava água, mesmo tendo um oceano a seu lado. Ela teve pena de você e pediu ao Filho dela para salvar você”.
Eu me sentei ereta, muda. Tentei dizer uma palavra e não conseguia. De alguma maneira eu sabia que ele tinha falado a verdade.
Nas três semanas seguintes, quase todos os meus sintomas sumiram e ao longo do tempo minha energia retornou. Eu telefonei para a Costa Leste e me disseram que o resultado do exame que eu tinha feito estava anormal e que eu teria que voltar e ver um médico imediatamente; mas como eu estava me sentindo completamente bem e em paz, não me preocupei e não voltei. Desde então meus exames são saudáveis e aprendi que a promiscuidade pode levar ao câncer cervical por meio do vírus do papiloma humano.
Meus pecados sexuais tinham ajudado a trazer a morte da minha alma e a morte de meu corpo. Mas Jesus, a pedido de Maria, tinha salvado minha alma e minha vida. Mesmo eu tendo odiado-os, eles sempre haviam me amado.
O Céu Estava em Festa porque Uma Pecadora Havia Sido Salva
No dia seguinte, Maria falou novamente com Joseph e disse à ele que eu deveria rezar o terço sempre que precisasse de sua ajuda e ela viria a mim. Jesus também disse à ele que eu não deveria mais pecar, entrar na Igreja Católica e ajudar a levar para a igreja “compaixão, amor, bondade e generosidade”. Eu nunca tinha posto meus pés em uma Igreja Católica a não ser como turista, mas eu queria saber como me “inscrever”.
“Se você tivesse morrido antes que Jesus salvasse você” disse-me Joseph, “você teria sentido dores horríveis, não somente no seu corpo, porque o câncer teria se espalhado para seus ossos, mas também em sua alma, porque você teria perdido muito tempo da sua vida. Depois da morte, você teria entrado em um lugar de sofrimento e remorso pelo que pareceria milhares de anos”.
“Milhares de anos?” perguntei à ele incrédula. “Você ouviu isto na oração também?”
“Sim” ele disse. “O tempo do purgatório é diferente daqui. Para você, iria parecer uma eternidade antes que você conseguisse entra no céu”.
Eu disse à ele que eu achava que iria nascer de novo em um corpo diferente aqui na terra depois que morresse, mas ele me garantiu que isto não é verdade. “Vivemos esta vida somente uma vez” ele disse “e onde terminamos – seja no céu, purgatório ou inferno – depende de como vivemos nossa vida aqui’”
“O céu” ele disse “vale tudo – qualquer sofrimento na terra. As almas experimentam tal alegria que é indescritível. São completamente plenificadas e vivem em meio à beleza que não existe aqui na terra.”
“Você já experimentou o céu?”eu perguntei à ele.
Ele corou e virou o rosto, ficou silencioso, contemplativo e não respondeu. Após alguns momentos ele virou-se para mim, olhou-me nos olhos e disse, “Mesmo se os pecados da pessoa forem escarlate, o arrependimento sincero pode levar a pessoa ao paraíso”.
Na tarde após eu ter sido curada, ouvi uma sinfonia – uma peça musical terna, edificante, que nunca ouvi antes. Eu estava na sala de Joseph e achei que o radio estivesse ligado. Eu verifiquei em todos os locais – na entrada, na janela, sob a cama, mesmo nas gavetas de sua mesa, para ver de onde viria a música, mas logo entendi que a linda música estava vindo de dentro de mim. Eu entendi então que o céu estava se alegrando porque uma pecadora tinha sido salva, e as hostes celestes estavam permitindo que eu me unisse à celebração.
Nesta mesma noite Joseph teve um sonho. Ele me viu olhando com admiração minha própria mão vendo-a brilhante com uma luz radiante. Eu fiquei assombrada enquanto meus olhos iam de minha mão até o resto do corpo. Uma luz divina estava permeando e iluminando-me toda. “Veja Christine” ele disse, “você caminha na luz. Você se preocupa com a dor de seus pés e de seu corpo, mas isto é o que você é. Você é abençoada tanto quanto amada. Você é uma pluma ao sopro de Deus”.
Deus Me Recriou
Meus dias com Joseph ultrapassaram meu próprio entendimento, e embora minha vida continuasse sempre a ser premiada com pequenos milagres, nada se compara com o derramamento de graça sobrenatural que me trouxe de volta à vida. Por meio de Joseph, Jesus cobriu-me com muito mais amor intenso, verdade genuína e atenção imediata do que tinha conseguido receber em todos os meus anos anteriores. Jesus entrou no deserto árido de minha vida, e soprou seu Espírito sobre o meu. Verdes brotos de esperança e pequenas flores amarelas de alegria saiam de meu coração e floresceram pelas rachaduras. Eu me sentava na igreja todos os dias, chorando e chorando de gratidão. Em uma semana Deus tinha me recriado.
Antes de Jesus me curar, eu não conseguia me doar aos outros. Sempre que eu o fazia, um poço de necessidade desesperada me jogava de volta ao egoísmo. Eu não conseguia achar um significado. A vida era uma série de eventos aleatórios decepcionantes. Mas depois de minha conversão, Deus deu-me um objetivo: amá-lo acima de todas as coisas e amar meu próximo como a mim mesma. Finalmente pude olhar o mundo e pensar sobre o que eu poderia dar e não o que conseguiria obter.
Nos anos que se seguiram, eu aprendi o que significa ser um cristão. Eu me preparei e recebi o sacramento do batismo, um dom do céu de graça incomensurável por meio do qual Cristo me deu uma parte de sua vida divina. Estudei durante três anos e obtive um mestrado em Estudos Teológicos na Escola Jesuíta de Teologia em Berkeley, onde todos os grandes mistérios da vida estavam na ponta de meus dedos, como amoras maduras prontas para serem colhidas. No meu último verão lá, aprendi a ser uma diretora espiritual. Depois estudei mais dois anos na Universidade da Califórnia em Berkeley e fiz um mestrado em Assistência Social, por meio do qual aprendi a parte prática de viver minha fé em beneficio dos que precisam.
Prestei serviços a mulheres na prisão, pessoas com AIDS, e como residente em um dormitório de faculdade. Depois comecei a trabalhar como assistente social e conselheira de perdas com os moribundos e sofridos, por meio de atendimento a hospitais, o que me preparou para um trabalho posterior com aconselhamento após abortos e diretora de educação com licença em trabalho social clínico. Além disto, trabalhei como diretora espiritual, palestrante motivacional, líder de retiros e pregadora de missões em paróquias. E pela graça de Deus, pude ser admitida no sacramento do matrimônio com um homem carinhoso, chamado John.
Eu Respeitava Maria, Mas Não a Sentia
Nesta altura de minha história, Deus me conduziu por uma jornada de cura para conhecer alguém que eu tinha descartado sumariamente. Ela tinha olhado do céu, tido pena de mim e pedido ao Filho dela que me salvasse. Ela havia me convidado a rezar o terço, o que eu ignorei. Ela tinha revelado-se como meu apoio constante, mas eu nunca a chamava. Eu a respeitava como uma presença assombrosa e poderosa, a Rainha do céu e da terra, a Imaculada Conceição, sem pecado, olhando por todos os filhos com amor dileto, mas eu, por mim, não a conseguia sentir. Para mim, Maria permanecia uma figura distante, congelada dentro dos contornos de suas imagens. Este senso de separação continuava mesmo depois que eu fiquei intrigada com suas aparições em uma cidadezinha chamada Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina, do outro lado do mundo.
Quando eu soube que Maria tinha vindo à terra com cinco pedidos básicos, eu tive que me lembrar que era a mesma Maria que tinha ajudado a salvar minha vida, então, o mínimo que eu poderia fazer seria responder ao chamado dela. Ela estava pedindo a eucaristia frequente, leitura da Bíblia, oração, especialmente do terço, confissão mensal e jejum a pão e água às quartas e sextas feiras. Mais fácil pensar que fazer. Eu me arrastei ao longo das mensagens dela: comecei a rezar o terço, na melhor das hipóteses, esporadicamente; raramente lia a Bíblia porque achava que eu já tinha estudado demais isto na faculdade de teologia; ia para a confissão quando queria e minha primeira tentativa de fazer jejum me deu uma dor de cabeça horrível daí tomei sorvete ao invés de continuar.
Não foi até o dia em que senti um chamado em meu coração para levar meu marido, John, a Medjugorje que recebi a graça de viver as mensagens de Maria com empenho. Quatro meses depois de nosso casamento, tomamos um avião para uma peregrinação de uma semana neste pequenino lugar do outro lado do mundo.
Senti Me Unida ao Céu
Medjugorje nos cativou. Nós não sabíamos que um lugar físico na terra poderia conter tanto céu. Nunca antes de Medjugorje nós tínhamos experimentado tal comunhão espiritual, tal crença palpável, em todos os lugares onde olhávamos. No inverno mais intenso, a igreja da cidade, São Tiago, transbordava de gente todas as tardes. E os que não conseguiam entrar ficavam do lado de fora, no frio, só para ouvir as palavras do terço e o eco da Missa pela cidade por meio dos autofalantes. Nós imergimos nas intensas liturgias e na multidão de fieis, ajoelhando humildemente em oração, cantando com fervor as lindíssimas canções locais durante a adoração do Santíssimo Sacramento. Ficamos maravilhados com as longuíssimas filas de pessoas esperando a vez para confessar-se, os milagres,os corações convertidos, e a subida noturna na Colina das Aparições, com as pessoas marchando lentamente sobre a trilha rochosa, guiados pela luz da lua, rezando o terço em voz alta, até chegarem ao local onde Maria apareceu pela primeira vez aos videntes.
Cercada pelo som das orações, pelo aroma de ar fresco, a visão das faces brilhantes e reverentes, eu frequentemente me sentia fora deste mundo. Eu me senti unida ao céu e pude sentir a presença de Deus. Era impossível preocupar-se com alguma coisa. Quando eu tentava, não conseguia. O poder da crença em Deus era tão forte em Medjugorje que podia quase ser tocado. E ainda, mesmo naquele lugar de graça extraordinária, quando minha mente enchia-se de pensamentos sobre minha mãe no céu, uma indiferença esquisita vinha sobre meu coração. “Por favor mamãe” eu pedi à ela, “Ajude-me a senti-la”.
Maria Nunca Desistiu de Mim
Meses depois meu retorno a casa, foi marcada uma ablação cirúrgica, um procedimento médico para corrigir minha taquicardia. O procedimento seria inserir dois longos fios com eletrodos nas artérias superiores de minha perna e conduzi-los até meu coração. Eu fiquei com medo e embora o procedimento tivesse dado certo, a recuperação foi dolorosa, e eu ansiava por suporte de meus amigos e de minha família, especialmente, por algum motivo, da minha mãe. Mas minha mãe nem telefonou. Eu me senti tão abandonada e necessitada de amor materno que comecei a chorar. Minha dor abriu antigas feridas que me derrotaram, então eu telefonei para uma amiga pedindo apoio e no meio de nossa conversa ela exclamou, “Oh! Sinta Maria, ela está aqui, ela está aqui – eu sinto sua presença de modo tão forte. Ela esperou por este momento toda sua vida. Ela está a seu lado desde que você era uma menininha. Ela quer que você a deixe entrar em seu coração, e ela está me dizendo agora que você finalmente a pode senti-la.”
Eu quase não conseguia falar. Eu deixei que suas palavras me lavassem lentamente, como uma canção de ninar suavizando o choro de uma criança. Pela primeira vez eu permiti que o amor de Maria curasse minha dor. Pela primeira vez eu pude sentir minha Mãe do céu. E quando sua presença leve, confortante envolveu-me ternamente, ela, de algum modo, entrou pelas fendas abertas de meu coração, e o abismo frio, que eu tinha sentido durante tanto tempo entre nós, desapareceu.
Olhando para trás, é muito difícil eu entender porque Maria nunca desistiu de mim, esperando durante anos que eu aceitasse seu abraço. E eu nunca poderei entender completamente porque ela pediu a seu Filho que me salvasse. Que espécie de amor espera tão pacientemente, nunca perdendo seu fervor, mesmo enfrentando raiva, descrença e indiferença?
Só o amor total de uma mãe.
Mensagem de Maria em 30 de julho de 1987, de Medjugorje Dia a Dia.
“Queridos filhos, esta é a razão de minha presença entre vocês por tanto tempo: levar vocês a Jesus. Eu quero salvar vocês e por meio de vocês, salvar todo o mundo.
Muitas pessoas agora vivem sem fé: alguns nem mesmo querem ouvir falar de Jesus e ainda assim eles querem ter paz e plenitude! Filhinhos esta é a razão pela qual eu preciso de suas orações: a oração é a única maneira de salvar a raça humana.”
Para Refletir em Oração
O coração da mulher com a jarra de alabastro em Lucas 7 que beijou os pés de Jesus e os banhou com suas lágrimas, está refletido no coração de Christine, que dois mil anos mais tarde senta-se na igreja todos os dias chorando de gratidão, abismada pela magnitude do que Jesus fez por ela.
Lucas 7,m 36 – 50
- Não sabemos o que aconteceu antes desta cena das escrituras. Claramente alguma coisa transformadora ocorreu com a mulher da jarra de alabastro mesmo antes dela irromper pela porta. Jesus deve tê-la tocado tão profundamente que ela, uma pecadora conhecida, entrou na casa do fariseu só para agradecer Àquele que a amou ao ponto de dar-lhe uma nova vida. Existe algum momento em sua vida do qual você possa lembrar, em que Deus alcançou sua vida de modo inesquecível? O que aconteceu? Qual foi sua resposta?
- Durante quase toda sua vida Christine não soube rezar. Seu amigo Joseph ficou espantado porque ele não podia imaginar a vida sem oração. Em suas mensagens de Medjugorje, o que Maria mais pede é que rezemos. Em sua mensagem de 25 de setembro de 1987, ela diz:
“Queridos filhos, também hoje eu quero chamar a todos para rezar. Que a oração seja sua vida. Queridos filhos, dediquem seu tempo somente a Jesus, e Ele dará a vocês tudo o que vocês precisam. Ele irá Se revelar a vocês plenamente.”
Qual a importância da oração para você? O que é que distrai você da oração? O que pode levar você a pensar que você não tem tempo para isto? O que fazemos com nosso tempo revela as prioridades de nossos corações. Em que lugar está a oração na sua lista de atividades?
- Em períodos de sofrimento, você sente-se mais perto de Deus ou mais longe dele? Veja se existem certos sofrimentos ou problemas com os quais você se sente mais confortável perto de Deus e outros não. Porquê? Qual é a diferença? Você se lembra de Deus quando as coisas estão bem? Como é que você pode ficar perto de Deus tanto nas alegrias e nas tristezas, provações e triunfos?
- Christine experimentou várias atividades de Nova Era, sem saber que Deus proíbe tais atividades pois tendem ao ocultismo – misturando a verdade com mentiras – enquanto nos distanciam de seu Filho e sua Igreja. Em seus esforços de curar suas dores e confusão, ela tentou leitura de baralho de tarô, paranormalidade e muitas outras coisas. Na sua busca de conhecimento e conforto, você ligou-se ao que se considera reino do ocultismo? Você já fez algo que não era o que Deus tem em mente para você? Se positivo, você pode pedir a Deus que cure e limpe você dos efeitos destas atividades, particularmente mencionando-as no sacramento da reconciliação. Lá, Jesus chega até nossas almas, preenchendo nossas mais profundas necessidades de cura, significado, acolhimento e amor.
- Christine procurou conforto em relacionamentos íntimos, somente para achar-se cada vez mais ferida e perdida. O Papa João Paulo II pediu aos homens e às mulheres que refletissem honestamente sobre suas experiências de sexualidade, fazendo a seguinte dolorosa pergunta. “Você encontrou paz e alegria duradouras usando a intimidade sexual fora dos planos de Deus?” Pondere sobre isto à luz de suas próprias experiências ou de alguém que você conheça.
- Jesus deseja nos levar a todos a uma vida de santidade e alegria, e um dia, à nossa casa celeste, onde não há mais sofrimento e não há mais lágrimas. Para ajudar-nos ele enviou sua Mãe à terra. Os pedidos dela, vem direto do coração de Deus, com grande amor e seriedade. Como nos ensinaram as escrituras e a história das aparições marianas, consequências indesejadas caem sobre nós quando não ouvimos o chamado de Deus. Maria diz até que “a oração é a única maneira de salvar a raça humana”. Os pedidos mais básicos de Maria são que rezemos todos os dias (especialmente o terço), recebamos a eucaristia frequentemente, leiamos nossas Bíblias, confessemos uma vez ao mês e jejuemos a pão e água nas quartas e sextas feiras. Ternamente ela nos pede isto a todos. Você irá ouvir o chamado dela?
EXERCÍCIO DE FÉ
Qualquer pessoa que tenha vivido sem Deus sabe que a vida pode ser como uma sequencia de eventos sem o menor sentido, imbuída de uma angústia existencial que traz a pergunta “Qual é o sentido da minha vida?” Qualquer pessoa que embarque em uma jornada na direção de Deus também sabe que a trilha, uma vez encontrada, parece traiçoeira às vezes, com pontos cegos e curvas inesperadas. E ainda assim Jesus está lá nos esperando, nos convidando a acreditar e permitir que ele erradique o medo de nossas vidas a cada passo enquanto ele substitui por confiança e amor.
Em quais áreas de sua vida você gostaria que ele oferecesse mais confiança no seu amor providente? Em quais áreas de sua vida você gostaria que ele desse mais amor a você? Peça à ele agora o que você quer. Ele quer conceder a você seu pedido.
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